sábado, 6 de março de 2010

Cursinhos Fedem

Imaginem a seguinte situação: uma palestra motivacional de alto ajuda, somada a um show de stand-up comedy, o resultado é um cursinho, um reduto de jovens com grandes perspectivas acadêmicas e profissionais. E você que estudou em cursinho e costuma dizer que é "super maneiro e divertidíssimo", bom, sua vida deve ser uma merda.


Vamos aos fatos:


Anglo, gay.

Sempre achei livros e palestras de alto ajuda uma puta duma sacanagem. Funciona assim: o cara escreve/fala um monte de coisas pra você se identificar, te mostrar que alguém também passou pelo que você está passando e deu a volta por cima, e então, de maneira sutil ele te indica como melhorar sua vida e fazer de você um vencedor. PUTA PICARETAGEM PRETENCIOSA. Se você acorda todo dia, vai pro banheiro, se encara no espelho e diz: "Eu posso, eu quero, eu consigo!", cara, você é muitíssimo imbecil.

Se eles realmente quisessem sua vitória, recomendariam que você escrevesse um livro de auto ajuda (enchendo o rabo de dinheiro).

E esse é o problema dos professores de cursinho, eles fazem de tudo para mostrar que são MUITO legais, MUITO engraçados, MUITO otimistas.

E é justamente no clima de otimismo sem limites que você é recebido no cursinho. Logo de cara já começam os “Vocês são fodas”, “Serão os melhores anos da sua vida”, “Ano que vem, todos lá!!!” e coisas do gênero. Aí já começa a bater o arrependimento...

Mas foi só quando eu percebi o “humor” utilizado pelos professores que eu vi que eu estava no lugar errado. Siga a linha de pensamento: existem pessoas que são gratuitamente animadas, e quando uma dessas pessoas tem acesso a um palco, um microfone e uma platéia, pronto, surge um HUMORISTA INSTÂNTANEO. E não é o humorista do tipo engraçado, não... É o bom e velho humorista de stand-up, aquele da cara limpa e textos babacas. E é exatamente como um humorista, que cada professor se porta, lançando comentários jocosos como se não houvesse amanhã e fazendo o que qualquer grande nome do stand-up comedy faz: roubar textos de outros humoristas. Lamentável.

Outro grande truque utilizado por eles para se “legalizar” é o de falar palavrões. Tudo ok, eu mesmo sou um grande adepto, mas tipo, eles usam desnecessariamente, qualquer coisa e já mandam um “fudeu”,um “caralho”, um “filho da puta”, e não é assim, são palavras que devem ser usadas com certa moderação, afinal, não deveria ser normal seu professor falar mais palavrões do que alguém com a síndrome de Tourette.

A última coisa detestável nisso tudo é a HIPERATIVIDADE DE FILHO DA PUTA com a qual cada professor tenta transmitir jovialidade e maneirismo, eu tenho lá meus problemas em ficar parado e me concentrar, mas cara, eu tenho 20 anos e não fico correndo pela sala e nem digo: “eu não consigo ficar parado, sou agitadão”, simplesmente porque eu acho que vou ser mais COOL por isso.

É isso que é o cursinho: um teatro, onde todos interpretam um personagem aparentemente mais bacana que o ator em si.

Citando Emicida: “Me vejo como um estranho num ninho de cobras. É foda...”. Vai ser um ano dessa parada aí, a grande atuação que é a minha vida. Nada que um sorriso não tão sincero não resolva.

Eu posso, eu quero, eu consigo!

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